O texto abaixo foi extraído e reproduzido na íntegra do
livro A lei do triunfo do autor Napoleon Hill para fazer realizar o almejado por ele com relação a este texto.
"Durante a Guerra Mundial, tive a felicidade de ouvir um
grande oficial analisar a maneira como se faz um líder.
Essa análise foi dada aos cadetes do segundo campo de treinamento,
em Fort Sheridan, pelo Major G. A. Bach, oficial modesto e calmo, que era
instrutor do campo. Guardei uma cópia do seu discurso, pois julgo-o uma das
mais belas lições que já se deu algum dia, sobre o assunto.
O discurso do Major Bach é tão judicioso, é tão evidente
o proveito que terá para todos os que aspiram a uma posição de liderança, no
seu campo de ação, seja um negociante, um chefe de secção, uma datilógrafa, um
empregado de balcão, ou o presidente de qualquer indústria, que resolvi incluí-lo
como parte deste curso. Espero assim que, por intermédio desses livros, essa
notável dissertação sobre a liderança cairá nas mãos de todo empregador ou
empregado, bem como de todos aqueles que têm ambição e desejam adquirir
ascendência em qualquer campo de esforços. Os princípios sobre os quais é
baseado o discurso do Major Bach se aplicam à liderança, no comércio, indústria
e finanças, com a mesma eficiência de que deram prova nos assuntos militares.
O Major Bach disse o seguinte:
“Dentro de algum
tempo, cada um de vós dirigirá a vida de um certo número de homens. Terá sob a
sua responsabilidade cidadãos leais, porém sem treinamento, os quais esperarão
de vós instrução e comando. A vossa palavra será lei para eles. Todas as vossas
observações serão lembradas, e as vossas maneiras imitadas, desde a roupa até
a maneira de comandar.
Quando vos reunirdes à vossa
unidade, encontrareis um corpo de homens de boa vontade que não exigirão de vós
senão qualidades que lhes inspirem respeito, lealdade e obediência.
Estão inteiramente prontos e
ansiosos para seguir-vos, enquanto puderdes convencê-los de que possuís essas
qualidades. Quando se convencerem de que as não possuís, podeis estar certos
de que a vossa utilidade chegou a um fim.
No que se refere à sociedade,
o mundo pode ser dividido em líderes e sequazes (Pessoa que segue ou acompanha assiduamente). Todas as profissões, bem
como o mundo financeiro, têm os seus líderes. Em todas essas lideranças, é
difícil, se não impossível, separar do elemento de puro desinteresse o elemento
egoísta de ganhos ou vantagens pessoais, e senão se fizer essa separação,
qualquer espécie de liderança perde o seu valor.
É apenas no serviço militar,
onde os homens consentem livremente em sacrificar a vida por uma fé, onde os
homens consentem sofrer e morrer para corrigir ou evitar um mal, que podemos
compreender o sentido de liderança, na sua acepção mais elevada e
desinteressada. Assim, quando falo em liderança, quero dizer liderança militar.
Dentro de poucos dias, muitos
de vós serão comissionados como oficiais. Mas essas comissões não vos farão
líderes. Passareis a ser simplesmente oficiais, mas ficareis em condições de
vos tornardes líderes, se possuirdes os atributos necessários para isso. Mas
precisareis comportar-vos bem, não somente em relação aos vossos superiores
como também aos que estão abaixo de vós.
Os soldados devem seguir e
seguirão, nas batalhas, os simples oficiais, mas a força que os impele não é o
entusiasmo, e sim a disciplina. Esses soldados obedecerão à risca as ordens do
oficial em comando; porém nada sabem sobre dedicação ao comandante, ou sobre o
espírito de sacrifício e de entusiasmo que zomba do perigo e da segurança
pessoal. Caminham porque são impelidos pela razão e pelo treinamento que receberam.
Os grandes feitos militares
não são conseguidos por soldados passivos e indiferentes. Eles não vão muito
longe, e param, logo que encontram uma oportunidade. A liderança não somente
exige, como também recebe obediência, lealdade voluntária, sem hesitação ou
desfalecimento.
Vós vos perguntareis: ─ Mas em que consiste então a
liderança? Que devo fazer para tornar-me um líder? Quais são os atributos da
liderança, e como cultivá-los?
A liderança é um composto de
várias qualidades. As qualidades mais importantes que compõem a liderança são:
a confiança em si mesmo, a ascendência moral, o espírito de sacrifício, o
sentimento de paternidade, o sentimento de justiça, a iniciativa, a decisão, a
dignidade e a coragem.
A confiança em si mesmo
resulta, primeiro, do conhecimento exato; em seguida, da capacidade para
ministrar aos outros esses conhecimentos; finalmente, do sentimento de
superioridade sobre os outros, que se segue, naturalmente. Tudo isso dá
firmeza a um oficial. Para conduzir, é preciso saber. Podeis algumas vezes
enganar os vossos soldados, mas não podereis fazer isso sempre. Os soldados não
têm confiança num oficial que não conheça inteiramente a sua profissão; ele
precisa pois conhecê-lo a fundo.
Assim, se dá mostras de não
conhecer o seu ofício, torna-se uma pessoa vulgar para o soldado, que diz
consigo mesmo: - Ora, ele sabe tanto quanto eu - e por conseguinte, passa por
cima das ordens recebidas.
Nada há que substitua o
conhecimento exato.
Deveis pois adquirir tanto
conhecimento quanto possível, a fim de que estejais sempre prontos para
responder as perguntas dos vossos soldados e até mesmo dos vossos colegas
oficiais.
Um oficial precisa não somente
saber, como também expressar o que sabe numa linguagem interessante e segura.
Deve aprender a permanecer firme e falar desembaraçadamente.
Contaram-me que nos campos de
treinamento da Inglaterra, os oficiais estudantes têm o dever de fazer
palestras de dez minutos sobre qualquer assunto que escolham. É essa uma
excelente prática. Para falar claramente, é preciso pensar com clareza, e o
pensamento claro e lógico expressa-se em ordens definidas, positivas.
A confiança em si mesmo é o
resultado dos conhecimentos mais vastos do oficial, e a ascendência moral
sobre o soldado é baseada na crença de que é ele o homem que serve. Para
conquistar e manter essa ascendência, deveis ter autocontrole, vitalidade
física, resistência e força moral. Deveis ter tanto autodomínio que, mesmo que
numa batalha estejais apavorados, jamais mostrareis o menor indício de medo.
Porque, basta um movimento apressado, um tremor das mãos, uma mudança de
expressão ou uma ordem apressada, logo retirada, para indicar a vossa condição
mental, e isso refletirá em alto grau sobre os vossos homens.
Numa guarnição ou campo,
surgirão muitas ocasiões para pôr à prova a vossa têmpera e destruir a brandura
da vossa disposição. Neste caso, deveis afastar-vos porque, sob o domínio da
cólera, os homens às vezes fazem coisas de que invariavelmente se arrependem
depois.
Um oficial nunca deve
desculpar-se perante os seus homens; também, um oficial nunca se deve tornar
culpado de atos pelos quais o seu senso de justiça lhe diga que deve pedir
desculpas.
Outro elemento para a
conquista da ascendência moral é, uma vitalidade e resistência física
suficientes para suportar as provações às quais vós e os vossos homens estais
sujeitos, e um espírito indomável, que não somente vos torne aptos para
aceitá-las com alegria, como também para não lhes dar grande importância.
Subestimando as dificuldades,
fazendo pouco caso das provações, ajudareis a vossa vitalidade a construir,
dentro da vossa organização, um espírito cujo valor, nos tempos de provações,
será inestimável.
A força moral é o terceiro
elemento para conquistar a ascendência moral. Para exercer a força moral,
precisareis ter uma vida limpa; é preciso ter uma mentalidade bastante forte
para ver o que está direito, e querer o que está direito.
Sede um exemplo para os vossos
homens.
Um oficial pode ser uma força
benéfica ou uma força malévola. Não façais prédicas aos vossos homens, o que
seria pior do que inútil. Vivei nós mesmos o gênero de vida que desejais vê-los
levar e ficareis surpreendidos do grande número que seguirá o vosso exemplo.
Um comandante leviano,
blasfemo e vulgar, descuidado da sua aparência pessoal refletirá, no seu
regimento, esses mesmos defeitos. Lembrai-vos do que vos digo: o vosso
regimento será um reflexo de vós mesmos.
O espírito de sacrifício é
essencial para a liderança. Tereis de sacrificar-vos todo o tempo. Tereis de
dar muito de vós, fisicamente, durante longas horas; o mais árduo trabalho e a
maior responsabilidade são a partilha do comandante. É ele o primeiro a
levantar-se pela manhã e o último a ir para a cama, à noite. Trabalha enquanto
os outros dormem.
Tereis de mostrar simpatia e
compreensão pelas dificuldades dos homens sob as vossas ordens. Um deles teve
a infelicidade de perder a mãe, outro perdeu tudo o que tinha, numa falência de
banco? Talvez precisem de auxílio, porém mais do que tudo, desejam simpatia.
Não cometais o erro de afastar esses homens, dizendo que tendes também as
vossas dificuldades, porque, de cada vez que fizerdes, arrancareis uma pedra do
alicerce da vossa casa.
Os vossos soldados são os
alicerces e o vosso edifício de liderança se desmoronará ante os vossos olhos,
se não repousar seguramente sobre alicerces. Finalmente, dareis aos vossos
homens os vossos parcos recursos financeiros. Gastareis frequentemente do vosso
bolso para conservar a saúde e o bem-estar dos vossos homens e assisti-los nas
suas dificuldades. Geralmente, o vosso dinheiro será restituído, mas, frequentemente,
havereis de perdê-lo.
Mesmo assim, porém, vale a
pena perdê-lo. Quando digo que o sentimento paternal é essencial para a liderança,
emprego o termo no melhor sentido. Não me refiro agora a essa forma de
sentimento paterno que tira aos homens a iniciativa, a autoconfiança, e o
auto-respeito. Refiro-me ao paternalismo que se manifesta num cuidado atento
pelo conforto e bem-estar dos que estão a vosso cargo.
Os soldados se parecem com as
crianças. Deveis prover a que tenham abrigo, alimento e roupas, e da melhor maneira
que puderdes. Deveis prover a que tenham alimento e cama, antes mesmo de pensardes
nas vossas próprias necessidades. Deveis ser muito mais solícitos pelo seu
conforto do que pelo vosso. Deveis cuidar da sua saúde, e conservar a sua
força, não exigindo deles fadigas desnecessárias ou trabalho inútil.
Fazendo isso, estais
insuflando vida no que, de outra maneira, seria uma simples máquina. Estais
criando, na vossa organização, uma alma que vos responderá como se fosse um
único homem. E isso é espírito.
E quando a vossa organização
tiver tal espírito, podereis despertar uma manhã e descobrir o reverso da medalha.
Por sua vez, os vossos soldados passarão a cuidar de vós, sem que seja
necessária a menor sugestão da vossa parte; vereis que a vossa tenda é erguida
sem demora, que a melhor cama é trazida para ela, que de qualquer fonte misteriosa
apareceram dois ovos para a vossa ceia, quando ninguém mais os tem, que os
vossos cavalos são tratados com um cuidado especial, que tereis adivinhados os
vossos desejos, que cada homem está no seu posto. E, finalmente, vencestes.
O oficial não pode tratar a
todos os homens da mesma maneira. Um castigo que um soldado receberia com um
simples encolher de ombros é uma angústia mortal para outro. Um comandante de
companhia, que por uma determinada ofensa tem um castigo ‘padrão’ que se
aplica a todos, ou é muito indolente ou muito estúpido para estudar a
personalidade dos seus homens. Neste caso, a sua justiça é certamente cega.
Estudai os vossos homens com o
mesmo cuidado com que um cirurgião estuda um caso difícil. E quando estiverdes
certos do diagnóstico, então aplicai o remédio. E lembrai-vos de que aplicais o
remédio para efetuar uma cura, e não apenas para fazer sofrer. Será talvez
necessário cortar profundamente, mas quando estiverdes seguros quanto ao
diagnóstico, não vos afasteis do vosso propósito, por qualquer simpatia
mal-entendida pelo paciente.
Lado a lado com a justiça no
castigo, deve andar também a justiça no elogio. Assim, quando um dos vossos
homens tiver realizado um trabalho digno de crédito, o oficial deve
providenciar para que ele receba a justa recompensa. Nunca deve tentar
arrebatar-lhe o feito e ganhar os elogios para si. Poderá fazer isso, mas neste
caso, já não terá a lealdade e o respeito dos seus homens.
Cedo ou tarde, os seus irmãos
de armas, os oficiais, virão a saber do fato e o evitarão como a um leproso. Na
guerra há glória bastante para todos. Dai aos vossos homens o que eles
merecerem. Aquele que toma sempre e nunca dá, não é um líder, e sim um
parasita.
Há ainda outra espécie de
justiça: a que impede um oficial de abusar dos privilégios do seu posto. Quando
exigirdes respeito dos vossos soldados, deveis ter consciência de que os
tratais com igual respeito. Construí a coragem e o respeito próprio dos vossos
homens. Nunca tenteis rebaixá-los.
Um oficial que se mostra
insolente e insulta os seus soldados comporta-se como um covarde. Amarra um
homem a uma árvore com as cordas da disciplina e bate-lhe no rosto, pois sabe
que ele não pode reagir.
A consideração, a cortesia e o
respeito mostrados pelos oficiais em relação aos soldados não é de modo algum
incompatível com a disciplina. Fazem parte da disciplina. Sem iniciativa e
decisão, nenhum homem deve esperar ser um condutor de homens.
Nas manobras, vereis frequentemente,
quando surge uma emergência, certos homens darem calmamente ordens apressadas
que mais tarde, a uma análise, se mostram não ser exatamente o que se deveria
ter feito, andam muito perto disso. Vereis que outros, numa emergência, ficam
desorientados; o seu cérebro recusa trabalhar: dão uma ordem apressada;
retiram-na; dão logo outra, que retiram também; em suma, mostram todos os
indícios de desorientação.
Olhando para um homem, podeis
dizer: ─ Esse homem é um gênio. Não
teve tempo para pensar nisto. Age por intuição. Nada disso. O gênio é apenas a
capacidade de se aplicar sem esmorecimento num trabalho. O homem que está
pronto é o homem que se preparou. Estudou de antemão as possíveis situações que
podem surgir. Fez planos aproximados para fazer face a tais situações. E quando
aparece uma emergência, está pronto para ir ao encontro dela. Deve ter
apreensão mental suficiente para apreciar o problema que enfrenta e o poder de
rápido raciocínio para determinar quais as mudanças necessárias para o plano já
formulado. Deve ter também decisão para ordenar a sua execução, e manter essas
ordens.
Qualquer ordem razoável, numa
emergência, é melhor do que nenhuma ordem. A emergência surgiu. É preciso
enfrentá-la. É melhor fazer alguma coisa, mesmo que seja errada, do que
procurar em torno, procurando a solução acertada e acabar por nada fazer. E uma
vez tomada a decisão, apegar-se a ela. Não vacilar. Os homens não têm confiança
num oficial que não sabe como decidir.
Uma vez ou outra, podereis ser
chamados a enfrentar uma situação que nenhuma criatura humana podia prever: o
treinamento mental que tiverdes adquirido vos tornará aptos para agir com
prontidão e calma.
Deveis agir frequentemente sem
esperar ordem das autoridades mais elevadas. O tempo não permitirá às vezes
esperar por elas. É aqui que sobrevém a importância que há em estudar o
trabalho dos oficiais vossos superiores. Se tendes compreensão da situação e
podeis formar uma ideia do plano geral dos vossos superiores, essa capacidade,
junto com o treinamento anterior, em casos de emergência, vos tornará aptos
para dar as ordens necessárias, sem demora.
O elemento de dignidade
pessoal é importante na liderança militar. Sede amigos dos vossos homens, mas
não vos torneis íntimos com eles. Vossos homens devem respeitar-vos, e não
temer-vos. Se os homens pretenderem ter muita familiaridade convosco a culpa é
vossa e não deles. São as vossas ações que os encorajam a isso. E, acima de
tudo, não vos rebaixeis pedindo a sua amizade ou os seus favores. Eles vos
desprezarão, se assim fizerdes. Se sois dignos da sua lealdade, respeito e
devoção, decerto tereis tudo isso, sem precisar pedir. E se não sois, nada vos
conquistará isso.
É extremamente difícil para um
oficial mostrar dignidade quando está com um uniforme sujo, manchado, e uma
barba de três dias.
Podem surgir ocasiões em que, inevitavelmente,
o vosso uniforme estará sujo e a vossa barba por fazer; mas então, todos os
vossos homens terão esse aspecto, que em tais ocasiões é perfeitamente
justificado. De fato, seria um erro que o oficial se mostrasse então asseado:
os soldados pensariam que ele não cumpria o seu dever. Porém, logo que tenha
passado essa ocasião, dai o exemplo de asseio pessoal.
Agora mencionarei a coragem. A
coragem moral é tão necessária como a coragem mental - essa espécie de coragem
moral que nos torna aptos para manter sem hesitação uma determinada espécie de
ação que o nosso raciocínio indicou como a mais adequada, para assegurar os
resultados desejados.
Verificareis muitas vezes,
especialmente na ação, que depois de ter dado as vossas ordens para que seja
feita uma determinada coisa, vos sentireis assaltados de dúvidas;
encontrareis, ou pensareis encontrar outros meios melhores para alcançar o
objetivo procurado. Sereis fortemente tentados a substituir por outras as
ordens dadas. Mas não deveis fazer tal, enquanto não se tiver tornado
manifestamente claro que as primeiras ordens eram de todo erradas, porque se o
fizerdes, vos sentireis novamente assaltado de dúvidas quanto à eficiência das
vossas segundas ordens.
De cada vez que mudardes de
decisão sem uma razão evidente, enfraqueceis a vossa autoridade e prejudicais a
confiança dos vossos homens. Tende a coragem moral de manter as ordens dadas e
fazer com que sejam efetuadas.
A coragem moral exige ainda
que assumais a responsabilidade dos vossos próprios atos. Se os vossos subordinados
cumprirem fielmente as vossas ordens e se o movimento que dirigistes resultar
num fracasso, o fracasso
é vosso, e não deles. Se a medida tivesse sido bem sucedida, a honra vos
pertenceria. Aceitai pois a censura, em caso de resultado desastroso. Não
procureis lançar a culpa a um subordinado, e fazer dele o bode expiatório, pois
isso seria covardia. Além disso, precisareis de coragem moral para determinar
a sorte dos que estão sob a vossa direção. Frequentemente recebereis pedidos de
recomendação para promoções ou rebaixamentos de oficiais comissionados ou não
comissionados, sob o vosso comando imediato.
Tende sempre presente no
espírito a ideia da vossa integridade pessoal e a do vosso dever para com o
vosso país. Não vos deixeis afastar de um estrito senso de justiça, por
sentimentos de amizade pessoal. Se o vosso segundo-tenente for o vosso próprio
irmão e o julgardes incapaz de manter esse posto, afastai-o. Se não o fizerdes,
da vossa falta de coragem pode resultar a perda de vidas valiosas.
Se, por outro lado, for
solicitada de vós uma informação acerca de um homem de quem não gostais, não
deixeis de lhe fazer justiça, influenciado por qualquer motivo de aversão
pessoal. Lembrai-vos de que o vosso objetivo é o bem geral, e não a satisfação
de caprichos pessoais.
Estou certo de que possuís a
coragem física. Não preciso dizer-vos quão necessária é ela. A coragem é mais
do que bravura. A bravura é a intrepidez - a ausência do medo. Uma pessoa
estúpida pode ser valente, porque não tem mentalidade capaz de calcular o
perigo; não tem conhecimento bastante para ter medo.
A coragem é portanto essa
firmeza de espírito, essa espinha dorsal que, conquanto compreenda o perigo
envolvido, prossegue com o seu empreendimento. A bravura é física; a coragem
é mental e moral. Podeis sentir o corpo gelado, as mãos trêmulas, os joelhos
vergando - sentir medo, em suma. Mas, se prosseguis mesmo assim, se a despeito
da fraqueza física continuais a conduzir os vossos homens contra o inimigo, é
que tendes coragem. As manifestações físicas do medo desaparecerão. Podeis não
experimentá-las mais de uma vez. Essa fraqueza é como o tremor que assalta o
caçador, a primeira vez que atira num gamo. Não deveis pois ceder a ela.
Há alguns anos, durante um
curso sobre demolições, a classe a que eu pertencia manipulava dinamite. O
instrutor disse então o seguinte: ‘Devo preveni-los de que é perigoso o uso
desses explosivos, e devem ser cautelosos. Mas um homem só pode sofrer um
acidente.’ Assim, eu vos previno agora. Se cederdes ao medo que indubitavelmente
vos assaltará na primeira ação, se deixardes os vossos homens avançar, enquanto
procurais um abrigo, numa cratera do solo, nunca mais tereis oportunidade para
dirigir esses homens.
Deveis ser muito sensatos, ao
chamar os vossos homens para atos de coragem física ou de bravura. Nunca
deveis pedir a um dos vossos soldados para empreender o que não seríeis capaz
de empreender. Se o vosso senso comum vos diz que uma empresa é perigosa demais
para vos aventurardes nela, pensai que o mesmo perigo existe também para o
soldado. Sabeis que a vida de um simples soldado é tão preciosa como a vossa.
Algumas vezes, pode acontecer
que qualquer dos vossos homens deva ser exposto a um perigo que não podeis partilhar.
Por exemplo, uma mensagem tem de ser levada através de uma zona varrida de
fogo. Pedis voluntários. Se os vossos homens vos conhecem, e sabem que sois
‘direito’, nunca vos faltarão voluntários, pois eles saberão que pondes o vosso
coração no trabalho, que dais ao vosso país o que tendes de melhor, que
levaríeis vós mesmos a mensagem, se pudésseis. O vosso exemplo e entusiasmo os
inspirarão.
E finalmente, se aspirais à
liderança, urge que estudeis os vossos homens.
Procurai conhecê-los a fundo.
Alguns homens são inteiramente diferentes do que parecem exteriormente.
Grande parte do êxito do
General Robert E. Lee, como líder, pode ser atribuída à sua capacidade de
psicólogo. Ele conhecia muitos dos seus oponentes, desde os dias de West Point;
sabia como trabalhavam os seus cérebros; julgava que fariam certas coisas, sob
determinadas circunstâncias. Em quase todos os casos podia prever os seus
movimentos e impedir que os pusessem em prática.
Nesta guerra não podeis
conhecer de igual maneira os vossos oponentes. Mas conheceis os vossos homens.
Podeis estudar cada um deles a ponto de determinar onde é que estão a sua força
e a sua fraqueza; qual o homem que merece confiança até ao último momento, e
qual o que não inspira confiança.”
“Conhecei os vossos homens, conhecei a vossa profissão,
conhecei a vós mesmos!”
Se quiser ler o livro todo acesse o endereço abaixo
para download:
http://www.administrando.biz/wp-content/uploads/2009/06/A-Lei-do-Triunfo.pdf
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